No entanto, a Internet promove a deslocalização dos conteúdos. A abundância de banda-larga permite aceder [quase sempre] com igual velocidade a páginas que estejam fisicamente em Lisboa, ou fisicamente na Austrália. Esta situação é alimentada pelas regras do mercado - muitas vezes é mais barato alojar um web site nos Estados Unidos do que em Portugal, pelo que mais conteúdos "migram" fisicamente para outras paragens.
Toda a informação circula na rede sob a forma de pequenos pacotes de dados, auto-contidos, que viajam e se reunem para dar sentido às coisas. Seguem forçosamente os canais estabelecidos pelas grandes redes de comunicação à escala mundial. Apesar dessa restrição, a natureza distribuída do universo a que pertencem, faz com que os caminhos que seguem nem sempre sejam os mais directos, ou os mais aparentes.
A arte de que vamos falar é designada como trace routing, ou traçamento de rotas. Com as ferramentas adequadas, o mistério inerente ao percurso dos pacotes desaparece - ficamos então com linhas traçadas em mapas, ou com arcos desenhados no céu.
Em qualquer computador com acesso a uma linha de comandos e ligação à Internet, há possibilidade de obter informação textual e numérica sobre as rotas seguidas pelos pacotes de informação. Por exemplo:

Utilização do comando tracert em Windows XP, para acompanhar o percurso dos pacotes até este blog. Do ponto de vista da geo-localização, a informação retornada é, no mínimo, críptica.
Mapear o percurso dos pacotes, sobrepondo as rotas que seguem sobre a geografia do planeta é uma solução mais interessante. O mesmo percurso pode agora ser visto assim:

Percurso percorrido pelos pacotes de informação envolvidos num acesso a este blog, a partir de Lisboa. O software utilizado foi o programa NeoTrace Professional 3.25.
Dependendo do programa, do percurso, do destino e de mais uma quantidade de variáveis basicamente incontroláveis, há momentos em que o trace routing pode falhar rotundamente. Ao mesmo tempo, a geo-localização pode dar resultados erróneos, ou insuficientes. Veja-se o seguinte acesso ao web site relativo às tecnologias de acessibilidade no estado norte-americano do Alasca:

Percurso seguido pelos pacotes de dados até um web site no Alasca, com passagem por Londres e por Seattle. O programa utilizado é o VisualRoute 7.1b Professional, que para além de fazer geo-localização, apresenta muita mais informação sobre o percurso.

O mesmo percurso traçado no programa GeoBoy 1.4.7, em modo de visualização de globo terrestre (de onde os arcos no céu, a vermelho...), apenas chega a Seattle. Programas diferentes abordam o mesmo problema de mais do que uma maneira.
Dependendo do destino, alguns destes arcos podem chegar bem longe. Um acesso à Nova Zelândia (Departamento de Ciências Computacionais da Universidade de Waikato) resulta num arco a longa distância:

Um arco sobre o Oceano Pacífico para chegar à Nova Zelândia.
O invisível torna-se, mais uma vez, visível. Soluções deste género são as únicas disponíveis para percebermos até que ponto a nossa percepção das coisas é facilmente enganada. Caso contrário, quem poderia dizer que este web site, da delegação do FBI no ALasca...

...está fisicamente alojado na estrutura de armazenamento mundialmente distribuída da empresa Akamai Technologies, o que faz com que o servidor que a mostra em Portugal esteja aqui...

...numa das "quintas de servidores" da Telepac?
As distâncias desaparecem. Qualquer web site pode estar em qualquer lado. Mapear o invisível torna-se numa necessidade.
Software utilizado:
- GeoBoy 1.4.7, da companhia NDG Software, ambos já desaparecidos do mercado há vários anos.
- NeoTrace Professional 3.25, da companhia NeoWorx, depois adquirido pela McAfee, mas também desaparecido há vários anos.
- VisualRoute 7.1b Professional, da companhia VisualWare, ainda no mercado e com versões mais recentes.
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